terça-feira, 28 de junho de 2011

Ressuscitar das mortes diárias

Normalmente nos referimos a morte como o processo definitivo de decomposição do corpo físico, mas não estamos atentos as mortes diárias. Aquelas que nos acomete a cada situação em que sofremos tanto, que nos sentimos esmagados pela dor. Me refiro as decepções, perdas, raiva de nós mesmos, pessimismo, medo... 

Ficamos  paralisados acumulando angústias, nos frustramos com o fracasso das metas ambicionadas,  somos agredidos e nos agredimos emocionalmente, entramos numa melancolia que anuncia a tristeza e nos desencorajamos para prosseguir tentando.

Essas mortes paulatinas desafiam a nossa natureza viva, progressiva e evolutiva e nos alerta para que usemos os recursos de sobrevivência tais como: a esperança, fé, coragem, força de vontade,confiança irrestrita em nós mesmos, que deve se manter à revelia de todo e qualquer estado de prostração ou de auto-destruição que venhamos a experimentar, decorrente da ansiedade, excesso de expectativa, dificuldade de encarar falhas, escolhas sem discernimento e carência de toda sorte.

Realmente não é fácil encarar infortúnios e situações que insistem em contradizer o nosso espirito de luta, provocando desilusões, seja no campo pessoal ou profissional, pois necessitamos de estimulos que nos motive e impulsione para seguir adiante. É preciso resistir e persistir mesmo fraquejando e ou tropeçando nos equívocos, porque viver sempre é uma grande oportunidade de fazer novas escolhas e estas mesmo sendo minimizadas podem  conduzir a almejadas realizações.

Recorremos normalmente ao negativismo e ativamos as reminiscências de ações fracassadas e de reações bloqueadas no passado, quando nos vemos diante de problemas que não se resolvem apesar de tentativas diversas, ao invés de esvaziar a mente, acalmar o sistema nervoso e diminuir as ondas cerebrais silenciando os pensamentos para que as soluções possam emergir e chegar a consciência.

Tem dias que não conseguimos viver, acredito até que a morte se manifesta dominadora e imponente sugando a energia vital e cerceando a possibilidade de dar novos passos. É uma sensação de impotência, desânimo e desfalecimento. E é exatamente diante desse quadro devastador que ameaça a nossa existência que o instinto de sobrevivência deve ser acionado com determinação e muita pertinácia. E dessa forma assegurar a oxigenação total do corpo, revitalização dos sentidos, bem como ligar o farol da inteligência e aquecer a emoção que dá guarida aos sentimentos, enraizando a vida.

Mesmo sem perceber estamos ressuscitando diariamente pois já temos os mecanismos apropriados para tanto, e só depende de nós que entre o estimulo e a resposta temos sempre a liberdade de escolha.

Morrer é deixar de sorrir, de sonhar, de vibrar de alegria, de sentir a emoção da vida, de contemplar o universo circundante, de se encolher na tristeza, de desacreditar na bondade das pessoas, de se culpar e se condenar por cada erro cometido, de perder a fé e o amor por si mesmo e acima de tudo desistir da própria vida se deixando levar pelos acontecimentos ruins.

Viver é suportar toda e qualquer situação que ponha a prova a nossa capacidade de resistência e continuar persistindo em busca de novos caminhos, que devem ser percorridos com a tranquilidade de um monge, a agilidade de um atleta de corrida, para vencer todas as barreiras impostas pelo jogo da existência neste corpo de transições.

Recomeçar é atitude de quem é bravo e procura utilizar os poderes que lhe são inerentes à condição de humano portador de inteligências múltiplas. Transformar e vasculhar sem cessar na busca de novas possibilidades é decidir sem vacilar e permanecer aprendendo no campo vasto da existência.

Amar a vida é uma ato de reverência e agradecimento, é considerar o único presente que recebemos sem formatação ou definição, como se fora uma caixinha de massa de modelar que vai se transformando num artesanato muito peculiar ao manuseio das nossas ações, reações e criações.

Para tanto é preciso continuar fazendo as esculturas que refletem o aprendizado adquirido nas vitorias e nos fracassos, nos quais estão contidos todas as nossas necessidades de aperfeiçoamento e evolução. 

Um comentário:

  1. Muito bom texto, adorei! Ás vezes passamos por situações bem difíceis mas devemos ser fortes, devemos ter a consciência q irá passar e se entregar não vai resolver, ser feliz é uma questão de escolha!

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